7 de outubro de 2010

Perfil Ksirafai

      
Júpiter precisa de seus trovões. Um príncipe precisa de partidários. Um rei tem seus assassinos, e com a Ordem da Razão não é diferente. Para implementar seu novo projeto, os Altos Artesãos precisam de lâminas para cortar e vassouras para limpar a sujeira. Os Ksirafai ("Navalhas") são essas ferramentas, afiados pelo segredo e dedicados ao bem maior.
           
Oficialmente, esse grupo não existe. Os Ksirafai não têm um Salão da Guilda e não aparecem em pergaminhos ou documentos da Ordem. Uma "Convenção" no sentido mais amplo, esses magi vigiam as sombras, usando a infiltração, os boatos, a sedução e o assassinato para promover os planos da Razão. Enquanto os Dedaleanos se encobrem como mortais, esse "Exército de Anjos Secretos" se oculta em meio às suas próprias fileiras, mestres da sedução, coerção, percepção e ofuscação. 
     
Logo após a Convenção da Torre Alva, o Círculo Interno descobriu que os juramentos tinham menos apelo que o ódio ou o ouro. Depois que os Solificati desertaram, diversos Magistrados fundaram um grupo que responderia apenas ao Círculo Interno. Em meio a servos e companheiros, esses agentes iriam espionar tanto as Convenções aliadas como os grupos rivais. Seriam mantidos registros e formadas alianças; quando necessário, as lâminas sombrias atacariam, cortando os traidores ou obstáculos à causa. Mestres da intriga foram recrutados de Bizâncio. Uma língua elaborada de sinais foi criada e recrutas promissores foram admitidos. Logo as Navalhas foram polidas e utilizadas. 
  
É fácil demais ver as Navalhas como inquisidores dentro da Ordem, mas seu propósito verdadeiro é a implementação, não a ortodoxia. Um Ksirafai existe para facilitar o caminho da Ordem, não para julgar a lealdade de uma pessoa. Seus deveres incluem recrutar aliados, enviar mensagens, monitorar traições, reunir arquivos (e ocasionalmente eliminá-los), auxiliar outros Dedaleanos ou seus patronos e acabar discretamente com as ameaças à Ordem. Para ajudá-lo, o agente recebe Dispositivos especiais e treinamento em técnicas proibidas para a maioria dos Altos Artesãos. 
    
Seguindo a "sabedoria" convencional da época (que supõe que mulheres são mais ardilosas e manipuladoras que os homens) um grande número de Ksirafai são mulheres. Bem vestidos e disfarçados, eloqüentes, versados em línguas e instruídos em artes e ciências, esses espiões infiltram-se em universidades, igrejas e Capelas. Uma vez situados, eles observam, anotam e disseminam as idéias Dedaleanas. Se necessário, eles assassinam seus alvos hábil e silenciosamente e desaparecem antes que os corpos possam ser encontrados.  
    
Ao contrário das outras Convenções, os Ksirafai não são divididos em guildas. Cada membro recebe tarefas — adequadas à sua perícia e localização. Alguns lidam com políticas mortais, outros observam Dedaleanos e outros executam planos mais sombrios. Embora alguns Altos Artesãos tenham ouvido lendas sobre misteriosos agentes infiltrados, um Ksirafai nunca admite estar ligado à sua seita; no que concerne à Ordem da Razão, a "Inquisição das Navalhas" é uma lenda, menos substancial que uma sombra numa parede. 
   
Filosofia: Nenhum fim nobre é alcançado sem métodos duvidosos. A causa da Ordem é justa, mas seus inimigos (de dentro ou de fora) são muitos. Os planos de Deus ocasionalmente exigem sacrifícios, e nós somos os agentes da necessidade. Quando nossa tarefa estiver realizada, partiremos; mas, por enquanto, momentos drásticos exigem medidas drásticas. O derramamento de sangue deve ser evitado quando possível, mas muitas vezes isso é inevitável. E melhor extirpar um pedaço contaminado de carne antes que todo o corpo seja corrompido. 
     
Estilo e Ferramentas: Um Ksirafi considera-se um servo dos anjos sombrios (Miguel, Uriel, Azrael, etc.) e utiliza sua fé para a causa da Ordem. Embora seja Dedaleano em aparência, suas Artes são mais arcanas que o Ars Praeclarus. Os feitiços Ksirafai dependem da influência e enganação; enraizados nas práticas de Ixos (um grupo de elite de feiticeiros-espiões gregos que levaram à real queda de Tróia), esses segredos envolvem a interação com espíritos, poções, venenos e truques com a luz. Dispositivos delicados — bestas pequenas, pistolas minúsculas, arpéus diminutos, etc. — auxiliam um espião a realizar seus fins, enquanto maquiagem, perfumes, óleos encantados e documentos falsificados ajudam em questões mais delicadas. Quando a violência é necessária, um Ksirafi invoca anjos mortais através dos sete pentáculos de Saturno ou emprega Dispositivos com poderes destrutivos maiores. Quando a tarefa é realizada, preces e purificações redimem os Navalhas de seus pecados — pecados realizados a serviço de Deus.
    
Organização: A maioria dos Navalhas responde a um único mentor e três contatos. Um Magistrado Ksirafi cuida de uma "casa" de seis Resplandecentes menores e envia seus relatórios e observações ao longo da cadeia. Um conselho composto dos bizantinos originais toma decisões importantes, mas a maior parte das atividades são deixadas a critério do Magistrado. Naturalmente, os Navalhas ficam de olho uns nos outros e fazem relatórios para o conselho; desse modo, a corrupção e incompetência são raras — um Magistrado conhece o custo de ambas.
     
Maximi: Duas figuras cobertas com mantos máscaras, conhecidas apenas como Fulmen ("Trovão") e Suavium ("Beijo") respondem ao Círculo Interno.
    
Iniciação: Um novato promissor é observado por seu futuro mentor, freqüentemente muito antes de ele se conscientizar da existência do grupo. Um mentor o testa à distância,se ele passar, o mentor oferece um lugar numa sociedade de elite. Segue-se um ano de doutrinação, durante a qual o iniciado (chamado Ignorante) é instruído nos conhecimentos do Exército dos Anjos Secretos. Durante uma iniciação terrível, o jovem é levado através de uma caverna, espancado e obrigado a fazer um juramento. Espera-se que o Ignorante Desperte com a visão do Arcanjo Miguel saudando-o como agente de Deus. Se a visão não vier, o juramento é recusado e o Ignorante introduzido numa sociedade menor — os Etfalti — de aliados não-Despertos. 
   
Daemon: Anjos ou santos poderosos e guerreiros aparecem para futuros Ksirafai durante seu Despertar e os orienta a partir de então.
      
Afinidades: Conexão, Espírito e Ar. 
     
Seguidores: Crédulos seduzidos, mercenários, Etfalt escribas, patronos abastados.
    
Conceitos: (normalmente disfarçado como algum outro profissional) diplomata, cortesão, assassino, arquivista,espião.
   
   
Estereótipos

   
Magi do Conselho: Um cesto de serpentes. Suas mordidas às vezes são doces, mas mesmo assim venenosas.
   
Dedaleanos: Uma união fascinante de legalistas, virtuosos, pretendentes e ladrões, todos voltados para uma causa justa. Se tivessem idéia de quão deteriorado seu castelo realmente está, eles sairiam de lá e fugiriam em todas as direções. É nossa obrigação queimar os vermes nas madeiras e cuidar das sombras do salão de festas. Sem vigilância, a Ordem não tem valor.
    
Infernalistas: Nada é criado sem um propósito Divino — nem mesmo um anjo decaído.

Discrepantes: Todos eles são orgulhosos, evasivos e aldeões idiotas.

        
Desauridos: Espelhos quebrados de nós mesmos. Pesadelos do Senhor.
 


Não há pecados secretos
   
   
Referência bibliográfica
BRUCATO, Phil. Mago: a cruzada dos feiticeiros. São Paulo. Devir. 2002.

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